O uso do computador, já lá se vão uns quinze anos, me deu a oportunidade de conhecer um gato aqui da vizinhança.
Chamava-se Constantino mas, como vai a valsa, o chamavam de Tino.
No início entrava por uma grade do porão aqui de casa e ficava na porta do atelier me olhando.
Aos poucos foi se aproximando e, com fazem todos os gatos que se prezam, acabou se instalando no local. E, em cartas horas, até em cima de minha mesa.
E mais, ficava por aqui dias e dias sem ir para casa.
Enquanto eu trabalhava sua atração maior era pelos 'drives' do então TK-3000 que, quando acionados faziam um ruido semelhante a um resmungo.
No início ele prestava atenção mas, com algum tempo começou a resmungar como se respondendo. Achei graça e contava para todo o mundo que tinha um gato lá em casa que falava 'drivês'.
Mais tempo foi passando. Entre os gatos que se reuniam no telhado em frente e próximo da janela do atelier, apareceu a Dagmar e, depois de algumas lutas com outros pretendentes, mordidas e orelhas danificadas, ela e o Tino se casaram.
Mas isso é outra estória.
Mas o que mais me surpreendeu foi o que ouvi certa vez quando voltei de duas semanas no barco em Angra.
Um faxineiro que aqui cuidava da casa nas minhas viagens, me dizer, e jurar, que muitas vezes, tarde da noite, ouvia barulhos no atelier e que, quando ia olhar, via o Tino usando o computador.
Claro que não acreditei até que o Celso, sábio amigo poeta, me jurou que uma gata sua, fiel à lírica trovadoresca, escrevia versos dodecassílabos. E falava "papá" pedindo comida.
E eu sei que o Celso não mente!
Não sei se é vero mas dizem que gato-de-botas é aquele que exagera ou conta mentiras.
Um comentário:
Blog definitivamente bookmarkado, já é um dos meus sites preferidos!
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