23 de out. de 2009

ENSINANDO MOSTRANDO COMO...




– ENSINANDO O CRIME



Antes da chegada do radio, o analfabeto sabia dos
crimes e dos métodos criminosos ouvindo relato de
alguém que, ou os cometera, ou testemunhara ou
ouvira os pormenores pela boca do vizinho ou do povo.

Seu conhecimento do crime era limitado.

Aí veio o rádio. Já agora o analfabeto tinha acesso a
mais informação e ouvia os fatos e, consequentemente,
mais detalhes que o locutor apresentasse.

O analfabeto se tornara mais capaz pois conhecia
novas facetas do crime. O conhecimento é poder!

E aí veio o fim do mundo! Veio a televisão e acabou-se
o analfabetismo... do criminoso.

A televisão começou a ensinar o crime. A televisão,
pretendendo educar, passou a dar detalhes de como
cometer, como planejar, como achar asseclas, como
subornar.

Ensinou os métodos doentios de o cometer.

Colocar uma família (pai, mãe e filhos menores)
dentro de um carro e incendiá-lo, se comprazendo
com a morte dolorosa.

Como entrar nos edifícios enganando os porteiros.
Como aguardar a chegada dos moradores e os modos
mais práticos de os assaltarem.

A televisão ensina como desligar alarmes. Ensina a
usar uniformes que abrem portas e baixam o cuidado
de garagistas e funcionários.

Ensinou ao jovem aprendiz do crime a matar seus
desafetos, primeiro esfacelando seus joelhos com tiros,
e em seguida os queimando ainda vivos.

O jornal vive disso. Os reporters são despachados
pelo jornal para a rua com a recomendação de trazer
matéria jornalística, coisa que todos queiram ler, fatos
que aumentem a circulação, primeiro pelos leitores
ávidos por detalhes sórdidos e cruéis, e em seguida
pelo homem que se acostumou a tudo aceitar desde
que não seja com ele.

Mas a realidade é que, vendendo mais jornais e
aumentando a audiência dos programas de TV,
percebo que é assim que alguns grandes amigos meus
ganham a vida e sustentam suas famílias.

x-x-x-x


É isso aí. . . depois da gripe que me derrubou por 12 dias.

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Quem sou eu

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SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.