O VELEIRO
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O homem, dono de várias empresas, vivia de correrias e, quando eu o via, era sempre num esbarrão à porta de entrada ou saída de locais que ambos freqüentávamos.
Ele como manda-chuva nesses lugares e eu atrás de uma chuvinha para minha horta – isto é, vendendo meu peixe.
Um dia porém o destino nos sentou numa sala de espera .
Após os alôs e um breve silêncio ele disse:
-“Em 75 comprei um veleiro seu em uma exposição. Tá até hoje lá no escritório de minha casa. Nas horas em que enfrento longas sessões de reclamações, ciúmes, e de inferno conjugal, deixo a moça falar e, como aprendi com os tempos, embarco nesse seu veleiro.
Chamo a moçada com quem convivi quando era livre, chamo as moças de leve e álacre convivência dos nossos bares de ontem, equipamos o barco com os melhores comes-e-bebes, e num mar de esmeralda, saímos para velejar.
E é sempre sob um céu de anil.
Vamos onde o vento nos leva, ouvindo música e trocando estórias e desculpas por não nos vermos mais todos os dias como antigamente.
Não sei quanto tempo dura esse passeio mas ele termina como num filme, a imagem vai sumindo e aí percebo um esperado silêncio.
Quando vejo estou de novo no meu escritório onde tudo se acalmou e a paz foi restabelecida.
Venci a minha irritação.
Aquele seu barco me ajuda, de boca fechada, a evitar um juiz de uma vara de família que me tiraria metade do que possuo. Grande barco!”
Um comentário:
Deve ser uma grande satisfação ter este tipo de reconhecimento pelo seu trabalho... que fez o homem, da forma mais simples e direta, elogiar tua obra com uma perspectiva tão profunda. Parabéns!
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