DIFÌCIL DE ACORDAR

A cerâmica acima nada tem a ver com o texto "Difícil de Acordar".

Trazida do Nordeste como presente, enfeita uma prateleira do ateliê

e, sempre que olho para ela, fico imaginando se é coruja ou um gato

bicudo.

Mas vamos ao "difícil de acordar":

Na plataforma da estação, aguardando a partida do trem para São Paulo,

chegou um senhor bem vestido, cabelos grisalhos, 007 e pouca bagagem,

e dirigiu-se ao Zé, atendente do carro dormitório:

- "Aqui está este pacote com 10 mil reais que é seu agora. Como sou

difícil de acordar, quero que você me acorde e me ponha para fora do

trem em Aparecida do Norte, por onde passa o trem às 5 da manhã, de

qualquer jeito. Sou difícil de acordar e por isso lhe dou esse dinheiro.

Tenho um contrato milionário que assinar em Aparecida às 8 horas da manhã

e, se eu não o fizer, perderei uma fortuna.

Entendeu bem o que eu disse? Então repita! "

O Zé repetiu, disse ter entendido tudo e pronto.

Mas, aconteceu! O senhor bem vestido acordou às 8 da manhã

com o trem já parado na Estação da Luz em São Paulo.

Havia perdido o negócio que ia fazer e perdeu a cabeça.

Desceu do vagão e encontrou o atendente Zé que, calmamente e

10 mil mais rico, conversava com o colega do outro vagão.

- "Saiba você, seu filho de uma puta, que vai perder seu

emprego aqui na Central e que nem você nem ninguém de sua

família jamais encontrará emprego no Rio ou em São Paulo.

Me fez perder uma fortuna, seu merda, canalha, câo leproso! "

E foi embora espumando.

O colega atendente observou: - " Rapá! Esse moço tá zangado".

E o Zé: - Zangado? Você não viu nada. Deveria ter visto o filho

da puta que botei para fora do trem em Aparecida!"


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