11 de nov. de 2010

RELENDO VELHOS TEXTOS

este é de 18 de junho de 2002.  Aqui vai:


A CASA BRASILEIRA

Há mais de duzentos anos já estava desenhada a casa 
brasileira.

Espaçosa, paredes grossas, janelas altas com venezianas 
e vidros, tetos altos e circundados por gregas, telhado com 
telhas de barro, e construída com atenção à insolação e 
à ventilação.

Esses elementos eram usados por simples questão de 
sabedoria.
As paredes grossas a faziam térmica, evitando o calor 
externo.

Quente e mais leve, o ar subia e  as paredes altas lhe 
permitiam escapar pelos frisos no teto (gregas) para o 
telhado, baixando a temperatura do interior. 

As telhas curtas de cerâmica permitiam a melhor
dissipação do calor.

A casa era total e explendorosamente aberta pelas
manhãs. O sol e o ar, fungicidas e germicidas (com
licença pelo  pequeno exagero), invadiam a casa e,
retirando a umidade e o mofo, lhe davam saúde.

Depois do almoço, no forte do calor, as janelas eram 
semi-cerradas e assim mantinham um pouco do frescor 
da manhã.

Há duzentos anos já se sabia da importância de
construir a casa com atenção aos ventos e ao nascer
e morrer do sol. 

Assim a maioria das casas era clara e bem ventilada.
Mas, da mesma maneira que o homem destruiu o 
equilíbrio de uma linda  ilha ao nela desembarcar com
uma cabra, aqui ele copiamos o desenho lá  de fora
onde há severos invernos, e, macaqueando a forma
sem atentar ao conteúdo, fizemos o palácio de vidro.

Alguns tão imbecis que nem as janelas podem ser
abertas.

Sem a possibilidade de uma ventilação natural e
com  largos espaços sem iluminação por luz natural,
copiando sem adaptar,  em vez do "rococó",
os arquitetos de fama criaram o "tecnococô ".

Talvez agora, vítimas de enorme angustia e trágico
desconforto, a macacada entenda que  moramos em
um país tropical, abençoado por Deus e bonito  por
natureza . . . mas pobre em energia.

Será que aprenderemos?

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SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.