30 de set. de 2011

HOMEPAGE JÁ ERA . . . .

 

ang     “Os Anjos” - (encáustica 2.75x1.22)  

         A “PÁGINA” na Internet

Mantive uma página na Internet, comumente chamada de “homepage” -- http://silvacosta.com --- desde 1995, com o intuito de tornar conhecidos os meus trabalhos  e, dessa forma, vendê-los.

Esta semana cancelei-a e, agora, sou órfão de '”homepage”.

Acho que nesse longo período vendi menos de meia-dúzia dos muitos quadros que ali apresentei.

Pouco a pouco fui chegando à conclusão de que o importante mesmo é a fama.

Incontáveis são seus milagres. A fama funciona e o sucesso logo a acompanha!

Vejamos a fórmula:

O famoso comprou seu quadro e, por isso, seu trabalho saiu no jornal ou na TV. Não interessa se é abstrato, figurativo, coisa-antiga, pintura-de-domingo, colagem, pintado pelo rabo do burro ou composição espiritual.

Quanto a ser bom ou ruim, há uma maneira das mais fáceis de saber:

- Você gosta? É bom! Não gosta? É ruim, joga fora!

E a Fama?

Vou explicar:

O colunista é seu amigo e, por isso, seu nome sai nas colunas sociais.

Seu quadro é todo preto e tem um sinal de exclamação em branco, pequenininho, no canto superior direito da tela. Intitulado “Recomeço do Enigma”, ganha o prêmio “Melhor da XII Bienal de São Paulo”. E seu nome e a foto de quadro saem em todos os jornais e recebe enroladas interpretações de críticos.

Nesse momento aparece o cavalheiro que o procura dizendo querer comprar um quadro seu. E você lhe pergunta: Não quer escolher? E ele responde: Não. Qualquer um está bom!

Isso porque ele viu ou ouviu o nome do pintor na TV, ou nas linhas do colunista, ou pelo boca de um figurão, ou na casa de alguém que ele admira ou pelo preço que alcançou no leilão ou é visto na parede da novela famosa da TV.

Impossível? Não é, não! Aconteceu comigo em véspera de uma badalada exposição nos anos 70.

Em suma, sem fama não vai. Vide pelo que passaram alguns fantásticos impressionistas.

Digo isso pois tive um período de minha vida em que deitei e rolei nessa famosa fama.

Alguns colunistas me colocavam em suas colunas com fatos verídicos e, na falta desses, alguns bem irreais tipo: “Silva Costa foi a Londres fechar contrato com nova galeria.”  (Tenho pavor de avião!!)

Ou: “Silva Costa contrata arquiteto inglês para planejar um novo atelier”.

“O Governo de Minas Gerais compra obra de Silva Costa para a pinacoteca do Estado.”

E por aí iam as notícias, mentirinhas que eram a lenha do fogo da Fama.

Durante mais de 50 anos de profissão mudei minhas técnicas de trabalho. Comecei com óleos, passei para tinta acrílica, depois para encáustica e fiz trabalhos em ferro soldado e desenhos com tinta de impressão e decalques.

Tudo funcionava e vender toda uma exposição era coisa fácil.

Mas o tempo passa e quem me fazia famoso saiu de cena.

Não somente os pranteei (alguns eram realmente meus camaradas) como prenunciei nuvens escuras e espessas no meu plano de vôo sem a notinha na coluna social.

Em 1980 fiz a última exposição de grande porte e bons resultados.

Sucesso! A coisa toda é que tudo funcionava quando a FAMA me era emprestada pelos senhores da imprensa, donos de jornais, de revistas e TV através dos seus colunistas.

Mas tudo passa, o apoio acabou e ter uma homepage não me servia para nada.

Agora, para não sumir de vez, penduro aqui exemplos do que andei fazendo nestes últimos 50 anos.

Sem esquecer que muita gente gostou e comprou meu trabalho, com ou sem fama.

E apesar dos altos e baixos, verdade seja dita: MARAVILHOSOS 50 ANOS!

                                XXXXX

(Com um muito obrigado ao Celso Japiassu que aprovou o texto)

 

XXXXXXXXXXXX 30 SETEMBRO 2011  XXXXXXXX

Nenhum comentário:

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.