11 de ago. de 2009

A FORMIGA E A ENXURRADA



Já tem algum tempo que venho tentando o escrever sobre as formigas na pia de minha cozinha.
Todas as noites, por volta das 10 horas, eu lá compareço, e ao refrigerador, para saborear um pedaço de queijo francês com uns "crackers", aqueles que tem umas sementinhas coladas.

Normalmente, nessas horas noturnas, sempre via pequenas formigas andando junto à parede e às vezes por cima da pia mas isso não me incomodava. Eram mínimas e estavam ali comendo sobras.

Há coisa de uns dois meses apareceram mais formigas. Diferentes. Grandes, marrom escuro, diferentes em tamanho e velocidade. Andavam rápido de um lado para do outro e ignoravam minha presença até que as tentasse expulsar dali. Se escondiam atrás do que estivesse na pia e dos vidros de componentes da minha comida, fórmula própria, com os ingredientes que me fariam um velho mais enxuto.

Imagino que somente iriam reaparecer quando eu apagasse a luz da pia.

Visitantes da noite! Só apareciam depois das 9 ou 10 da noite. Nunca antes.

A novidade dessas formigas grandes e invasoras começou a me incomodar, e reagi as espantando ou empurrando para dentro da pia.
Até que um dia em que haviam umas três ou quatro por ali e, com o lado da mão, empurrei duas delas para dentro da pia e abri a água para delas me livrar.

Uma, caída perto do ralo, é puxada pela água e quase desaparece ralo a dentro.
Fiquei assistindo sua luta para se livrar da enxurrada. Em um momento desapareceu para, logo em seguida, se mostrar de volta lutando para escapar.

Lutou, subiu um pouco na lateral do esgoto, foi puxada de novo e quase desaparece ralo a dentro.

De repente percebi que eu estava torcendo pela formiga. Eu a via lutando desesperadamente para se salvar e sua luta tocou meu coração (bancando o poeta).
Finalmente ela venceu a batalha e eu, com o coração mais leve, a vi subindo pelo lado da pia, fugindo da água.

Encurtando a estória: - Hoje elas aparecem na pia, andam por lá sem serem incomodadas e, pior de tudo, quando vou ao meu "queijo com biscoito" pelas 10 da noite e elas não estão por lá, sinto mais presente a solidão com que decidi viver.


Pode?

Um comentário:

Celso Japiassu disse...

É bom livrar-se dessas visitantes noturnas, mestre. Elas vão se multiplicar e você qualquer dia desses vai procurar o queijo francês e elas comeram Formiga toma intimidades.

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SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.