As grandes redes de pesca de antigamente, para se manterem
abertas enquanto as traineiras as rebocavam, usavam de um
peso de um lado e de boias de vidro do outro.
Eram realmente de vidro e do tamanho de pequeno melão. Foram
substituídas por peças de cortiça, mais em conta no preço
e mais resistentes aos impactos do lançamento da rede e
seu recolhimento posterior.
Essas lindas bolas sumiram. Alguns brechôs as venderam por
algum tempo e, como quase tudo, desapareceram.
Um dia um amigo, dono de imensa propriedade e de um
mui misterioso porão que, pelas dimensões e altura,
diziam ser um porão habitável, mostrou-me algumas
dessas bolas e perguntou: - Quer alguma?
Escuro, mal iluminado e sombrío, o porão sugeria mistério,
e era habitado por pequenos roedores, por alguns pássaros
que gostavam do silêncio e da penumbra.
A primeira vez que alí entrei pensei nos dragôes das
estórias que ouvi menino e em que acreditei existir.
Talvez! Quem sabe? Depois do que nos ensinaram nos catecismos,
nas crenças populares e seus perigos (Beber água no sol faz
ficar com a boca torta!) sobre céus e infernos... porque não?
Talvez alguma daquelas bolas de vidro fosse de sonoro cristal
e tivesse poderes mágicos...
Bom, guardei algumas e duas estão penduradas em meu atelier.
Hoje, com uma delas, tirei algumas fotos para ver se
coisas mágicas poderiam aparecer.
Aí está o resultado. Tudo distorcido e confuso?
Talvez seja como os dragões vêem as coisas.
Talvez...
XXXXXXXXXXX
Rio 22 julho 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário