15 de mai. de 2010

A Internet na vila



A pequena rua tinha umas 80 casas e todas do mesmo tamanho,
menos a primeira que tinha sido moradia do administrador.

Fechada a fábrica por conta de difiuldades e dos custos agora irreáis
na produçcão de tecidos, a rua se transformou-se numa vila onde,
um dia, construiram um portão.

Um bom lugar para viver e criar os filhos, todos se davam bem e
compartilhavam alguma curiosidade intelectual.

Assitiam a televisão e, claro, acabaram lendo e sabendo tudo o sobre
a Internet. Embora desejassem, ela lhes era inaccessível.
Faltava o sinal mágico, no ar ou no telefone.

Mas ouviam, de outros, aquilo que se que se fazia pela Internet.
Tinha o fabuloso e-mail por onde os amigos se comunicavam com a
maior facilidade.

Já não havia mais razão para ir aos correios ou mandar telegramas,
nem carregar papéis, textos ou mostrar, pessoalmente, álbuns de arte
ou fotos, mas sabiam que isso acontecia entre aqueles que usavam
essa Internet.
Daí o que não dá para copiar tem se que inventar.

Quando algum morador da vila obtinha cópia de fotos, de imagens
e textos que poderia interessar aos vizinhos, o feliz possuidor
da novidade ia de casa em casa, em total silêncio, e mostrava
aos demais moradores o que recebera.

Em completo silêncio como no Outlook Express.
Como texto e imagens novas e interessantes eram raras,
os moradores passaram a usar daquilo que possuíam em suas casas,
de tempos remotos de colégio, de revistas populares de moda,
arte ou cinema e de sabedoria.

Desejo destacar o item "sabedoria": - colecionavam lições de vida
e de ajuda, de como se dar bem no mundo e como obter a saúde perfeita.

Mas pessoas liam e continuavam suas vidas sem ouvir
esses sábios conselhos.

Os moradores iam de casa em casa, no mais completo silêncio, sem
mostrar alegria com o que faziam, simplesmente passando adiante
aquilo que lhes chegava às mãos.

Descobriram álbuns populares, a baixo preço, de artistas clássicos
ou não, obtidos nas bancas de jornais.
Então mostravam adiante aos vizinhos aquilo que haviam lido
ou admiraram, sem nada acrescentar, e como mudos,
iam de casa em casa, repito, no mais profundo silêncio
E assim participavam.

Isso me lembra algumas mensagens na Internet que teriam
recomendações tipo: - NÃO DEIXE DE VER ATÉ O FINAL,
ou MUITO LINDO ou IMPERDÍVEL.

Essas recomendações levam a imaginar se alguém sairia do cinema
no meio de um bom filme ou deixaria de comer metade de uma
deliciosa fatia de pizza.

E nos fazem pensar como usamos a fantástica Internet mandando
friamente essas matérias para outros, repassando novidades ou
velharias para nossos bons amigos, sem uma palavra de cunho
pessoal.

Tudo automático e sem censura ou crítica pessoal.
Vem com um simples "De" e, linhas abaixo, "Para".

Secamente e, se não fosse esse "De" que já sabemos quem é,
bem que poderia ser de um fantasma que nos conhece pelo
endereço de E-Mail.


E perguntando como o Pelé:- Inteinde ?


-----------------XXXX----------------------------------

A foto mostra um céu azul acima da piscina de barcos do Iate.

Simples, né?

Um comentário:

Helô Lima disse...

Simples e belo. Belo e simples ;)
Bjs.

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.