Toda a vida desejei ser o feliz possuidor de uma maquininha de descascar laranja.
Em jovem as via em feiras-livres e, mais tarde, nas idas de bicicleta ao Posto Seis. Na Colônia de Pesca, junto à calçada, sempre parava para descansar e lá havia um barraqueiro-sem-barraca que vendia, entre outras coisas, laranjas-seleta sem casca. Usava uma maquininha que eu invejava. E para tirar a pele branca final ele sempre emprestava um faca.
Como muita vez sentei por perto e conversei com o “da laranja”, um dia me deu a dica: “Dragão-da Rua-Larga”.
Era lá que vendiam a maquininha. Não deu outra; de tarde a comprei; passei no mercado, peguei as laranjas e, em casa, comecei a treinar. Agora mesmo acabei de liquidar uma, bem doce.
Fui informado por uma moça elegante e cuidadosa com sua imagem (por acaso morou uns tempos aqui no local) que a maquininha era “coisa de pobre”. Como acho que parecer pobre é um bom item de segurança, esqueci o comentário e fui comendo minhas laranjas.
Mas casa de pobre também recebe gente importante. Lá estava um dia um desses senhores, sisudos e direto ao assunto, negociando um quadro, que, ao vir a maquininha simplesmente perdeu a pose e exclamou:
- Puta-merda! Que maravilha! Você tem uma maquininha dessas! Pois cara, sempre tive vontade de comprar uma mas minha mulher não deixa.
- Maravilha! Ótima pedida!
Passada a vistoria à maquininha voltamos para a venda do quadro.
XXXXXXX 20 NOVEMB 2011 XXXXXXX
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