23 de nov. de 2009

UM CASO DE MORTE



FOI ASSIM QUE EU MORRI . . .

Todos sabem que a excitação, como também a sensação
de frio, eriçam o bico do seio das moças e senhoras.

Por conta desse fenômeno da natureza, amiga rica, sabendo
que seu amado ficava embevecido quando isso acontecia,
resolveu fazer-lhe um agrado:

- Um chaveiro de ouro com seu bico do seio em ouro!

Nesse dia eu me encontrava em Angra dos Reis, curtindo
uns tempos a bordo de meu barco, o "Manacá".

Chamado pelo rádio, atendi, e ela, autoritária, exigiu que eu
voltasse para meu ateliê no Rio. Tinha um projeto urgente.

Freguesa rica e importante, minha protetora, eu tinha de
atendê-la.

Deixei Angra no mesmo dia e, subindo a serra, parei em
Lídice para reabastecer e de lá vim direto para o Rio.

Havia um desastre na serra e cheguei tarde da noite.

No dia seguinte nos encontramos e ela me expôs seu
desejo. Tim-tim por tim-tim.

Imaginei criar um modelo de gesso e mandar fundir.

"Não!! Quero cópia fiel da minha excitação (usou até
outro termo que, acanhado que sou, não posso repetir).

A ídéia era fazer um molde de seu bico do seio. E eu teria
que fazê-lo.

Pensei no perigo ao qual eu me iria expor, o marido
tinha ciúmes até do espelho em que ela se arrumava
após o banho.

Ela teria que jurar que jamais revelaria o modus faciende
do mimo que ela lhe iria ofertar e, muito menos minha autoria.

Mas aconteceu! Marcamos a hora em meu ateliê,
preparei o gesso para fazer o molde (não vou nem contar
o que tive que fazer para que o modelo se fizesse pronto)
e, isso resolvido, mandei para a fundição em com o ouro
necessário.

Para encurtar a estória, o mimo ficou pronto, foi entregue
ao marido; ele ficou feliz, admirava o seu bico amado
(muita vez durante reuniões de trabalho ele o apalpava
no bolso do paletó) mas, um dia, pirou.

Só de imaginar que outro homem tivesse experimentado
o turgor daquele bico amado, tivesse sentido o
entumecimento da ponta do seio de sua amada, o fez,
inicialmente, ranger os dentes.

Depois, desvairado, inventou situações e criou fantasmas.

Perdeu a fome, o rumo e a paz. Endoidou

Não aguentando a pressão do marido para que revelasse
o autor do mimo, ela confirmou minha participação.

Me entregou.

Duas semanas depois, já de volta ao mar de Angra dos
Reis, recebi três tiros no peito. Dois me acertaram o coração
e morri rapidamente.

Tudo isso parece fantasia mas é verdade.

Se você não me acredita, pergunte ao Edmilson, marinheiro
do Lozyr, que assistiu o desfecho da estória e a minha trágica
morte.


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2 comentários:

Marcos Soares Pereira disse...

Escritório, 07:30h da manhã, muitas pendências, muito trabalho, pouco entusiasmo. Sozinho, luz somente natural, mas ar condicionado ligado. Leio a estória e nela leio barco e Angra dos Reis. Quase num teletransporte me vejo também por aquelas águas. Silva Costa, saiba que sua presença na minha vida, mesmo que virtual, é grande. Carrego muitas imagens de nossos encontros nas mesas do Iate. Num Mar de rostos, nenhum calor, ao nosso encontro, luz e alegria. Sem você o clube seria quase um deserto, ou melhor, um Shopping, que eu abomino! Saudações e saúde. Obrigado por me aceitar e cruzar o seu caminho.
Marcos Alkindar Soares

Unknown disse...

genial, continue tendo ideias para pequenos contos como esse, vale a pena ler suas ideias fantástica....

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Quem sou eu

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SILVA COSTA - Pintor, nascido em São Paulo, Brasil, em 1927. Morou e estudou no Rio de Janeiro até 1949 quando viajou para os EEUU. Estudou desenho e pintura no Institute of Mechanics and Tradesmen em Nova Iorque, mudando-se em 1950 para a California, Carmel-by-The-Sea onde trabalhou e estudou desenho e pintura. Trabalhou na Army Language School na vizinha cidade de Monterey e estudou técnicas do retrato com Warshowski. Em 1955 viajou para a Europa onde estudou, na Academie de La Grande Chaumiere, em Paris por alguns meses.