Lá pelos anos 50 numa pequena cidade da Califórnia, Carmel-by-The-Sea, as casas de rua não eram numeradas e não havia serviço de correio, isto é, as cartas não eram entregues nas residências.
Por conta disso os moradores tinham suas caixas postais na única agência do corrêio. Também por conta disso os moradores tinham que lá comparecer pessoalmente, abrir sua caixa e retirar a correspondência.
Quase sempre o costume era atravessar a rua e sentar num pequeno café, The Village Corner, onde, sorvendo um café com leite, lêr as cartas, se inteirar das novidades, matar as saudades e conferir lucros e perdas.
Na época, a troca de correspondência durava alguns dias na ida e volta.
É claro que haviam assuntos oficiais, alguns negócios e os sempre importantes assuntos do coração. E também os amores distantes e romances por solucionar.
As cartas talvez fossem mais pessoais por serem escritas à mão.
Não eram como agora em que as mensagens são escritas num indiferente computador.
Entre os fregueses do café havia um jovem, sempre calado e distante que, vez ou outra, ao terminar de ler uma carta recebida, sorria e suspirava.
Malicioso que era (e ainda sou) imaginei então a razão: - a moça distante, com o coração oprimido pela demorada ausência de seu amado, escreve carta e acrescenta ao texto um coração trespassado pela flecha da saudade.
Em seguida, com o papel já dobrado, o encosta em seu corpo ardente, o coloca num envelope e envia carta para o moço que, lá tão longe e solitário, sorri e suspira ao terminar de ler.
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XXXXXX 13 julho 2011 XXXXXX
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